Francisca’.O casamento.
Francisca estava trancada dentro de seu banheiro enorme. Banheira, ducha, pias, velas coloridas e aromáticas em cristais enfeitavam e perfumavam o ambiente calculadamente branco, clean. A aliança estava fora do dedo, esperando sobre a pequena janela do centro. Neto penetrava Francisca de pé, contra a parede úmida e escorregadia do boxe de vidro temperado. Eles gemiam alto e grave. Os azulejos claríssimos como gelo, ressoavam com requinte de detalhes, os muitos sons guturais que saiam daqueles dois corpos fodidos. Neto chupava Francisca embaixo d’água, sob o jato forte e preciso. Parecia se afogar. Mas continuava até Francisca gozar. E ela gozava longamente. Como se dividisse o próprio corpo em pequenas e excitantes estações. Francisca tremia inicialmente pelos pés, pela base. E sua energia iluminada subia para as pernas, invadindo seu tronco, seus seios duros, apontados, morrendo enfim em seu rosto congelado. O vinil tocava ao fundo uma Billie Holiday encantada. Francisca se refrescava. Neto esfregava a espuma cara em seus contornos. Sua pele se arrepiava. Se beijavam. Violentamente. O beijo mais encaixado. Mais cheio de carne, de língua, de jeito. Francisca descia e chupava Neto. Duro e venoso, dentro de sua boca. Ia e vinha, muitas vezes. Neto gozava dentro dela. Pelo seu apetite, por seu paladar, Francisca engolia e flutuava entre o vapor do banheiro até a Jacuzzi. Entrava cada uma de suas estações. Pés, pernas, tronco, seios e rosto. E ali ficava por um tempo. Neto ia embora. Carlos chegava. Beijava a esposa Francisca e trepava com ela. Íntimo, gostoso! Neto voltava. E trazia Catarina. Uma mulher para poucas palavras. E ali, naquele banheiro branco, quatro corpos se incitavam incessantemente. Se confundiam, se trocavam, se comiam, gozavam! Na pequena janela do centro esperavam agora duas alianças.