Janaína’!Hora extra!
Janaína trabalhava em um ambiente predominantemente masculino. Testosterona subindo a todo suor dentro de um prédio corporativo no centro da cidade. Ternos, gravatas e engraxados sapatos que passeavam o dia todo entre os vinte e três andares de uma das mais antigas construções da região. Sempre muito concentrada, Janaína contornava olhares e más línguas. Inevitavelmente a moça chamava a atenção por sua beleza e por pura raridade. Afinal, uma empresa como aquela, contratava pouquíssimas mulheres. Janaína tinha mestrado, doutorado, era premiada e extremamente curiosa. Ágil e amável. Uma mulher. E que mulher! Sua voz firme e organicamente grave lhe conferia uma segurança que se via em poucas pessoas. Janaína… Sempre despistando a gula dos casados e dos moleques. Procurava um parceiro na cama e na vida. Mas quem iria encarar um metro e setenta e oito de fêmea bem sucedida e segura de si? Gil. O carinha da copa. Aquele que servia o cafezinho mais honesto do setor. De sorriso largo e sincero. Músculos bem desenhados sob o uniforme meio desajustado mas muito cheiroso. Certa noite, Janaína encontrava-se em meio a relatórios e projetos inacabados. Estava sozinha, pensava. Mas eis que surge na porta de sua sala o copeiro. Já sem uniforme. Janaína o enxergou pelado. Mas a camisa preta desbotada de manga comprida dobrada até a metade do braço a fazia voltar à realidade. Ficou quente. Ela e o ambiente. Gil perguntou: “dona Janaína, não sabia que a senhora ainda estava aqui. Precisa de alguma coisa?”, e Janaína respondeu: “sim. Por favor Gil, tire a camisa.” O rapaz assustado, em silêncio, obedeceu. Janaína se levantou e com uma das mãos abaixou a alça de seu vestido. Depois desceu a calcinha até os pés e se livrou dela com um leve chute no ar. Não usava sutiã. Não naquele dia. E sob o olhar estarrecido de Gil, Janaína sentou-se em sua cadeira de chefe e abriu as pernas. Gil caminhou em sua direção e adentrou sem cerimônia o corpo escandalizado daquele pedação feminino. Somente os cidadãos entorpecidos e perdidos da madrugada escutaram os gritos e gemidos vindos da única janela acesa do grande prédio empresarial cravado no coração da metrópole.