.Imaginário.
Dentro dela morava a felicidade. Mas estava enfiada numa veia vadia, escondida. Ela procurava lá fora. Buscava em todos os campos. No trampo, na família, no amor, na tara! Ela metia dentro de si uma infinidade de pessoas gostosas. Boas, generosas! Tinha faro para boas trocas. Se fazia vaidosa e devassa, mas quando se via sozinha, sofria de vazios. Chorava uma vida. Depois, sentava-se em sua poltrona gasta dos tempos antigos e abria as pernas. Abaixava um pouco a calcinha rendada. Com uma das mãos, abria os grandes lábios. Com a outra, apontava o grande dedo médio, duro e experiente, para o contato entre as frestas da renda e o grelo já rígido e úmido à espera do fim projetado. Olhos fechados, corpo contorcido e trêmulo. Músculos travados. Mexendo freneticamente a medida em que seu corpo respondia ao seu próprio estímulo. Abria mais as pernas. Já sentia mil paus duros dentro de si. Na frente, atrás, em sua boca. E de repente, todos gozavam juntos e perfeitamente encaixados. Mulheres lindas chupavam seus seios. Todos os buracos dela recebiam gota por gota enquanto sua pele expulsava seu melado transparente e sagrado. Quando abria os olhos já estava sozinha. Descabelada, suada, cansada. De olhos inchados e corpo latejante, ela caminhava para seu tatame no quarto e jogava aquela locomotiva fervente no solo. Se deixava ficar até adormecer. Sonhava com outros tantos paus. Algumas bocetas no meio, embaralhadas. Bocas rosadas, brilhos, cheiros, línguas. Tudo junto e misturado. Acordava sobressaltada e atrasada. Corria para o trampo. Trampava o dia todo. E a noite, trepava. Louca e lânguida. letárgica e lancinante. Era assim quase todo dia. À procura da felicidade, apaixonada pela vida, pela liberdade. E um tanto perdida. Tomada!