Camila’,Três sobre quatro,
Três amigos dentro de um carro rumo ao paraíso. Camila, Juan e Bernardo. Assíduos frequentadores de si mesmos. Já tinham vivido muitas peripécias juntos. Ainda tão novos, uma estrada de possibilidades se abria para eles. Ficaram meses planejando essa fuga para o mato. A viagem não demoraria mais do que oito horas. Bernardo revezava o volante com Camila. Mas no momento em que o carro atolou era ele quem dirigia. No primeiro instante, soltaram uma gostosa risada. Desceram e tentaram empurrar. Nada. Juan não sabia dirigir mas era forte. Camila se apossou do banco do motorista novamente e com a força de Juan e a tração de Bernardo quase conseguiu tirar uma das quatro rodas do buraco. Nada. Escureceu. O tempo parou dentro do carro. Camila beliscando uma barra de chocolate quase derretida se lambuzava inteira. Bernardo na frente com Juan confeccionava um robusto baseado. Não lhes restava mais nada. Nada. Isolados na escuridão do inabitado, fumaram, falaram um monte e riram conformados com a longa noite sobre quatro rodas. Chegou enfim o silêncio. Os grilos cantavam lá fora junto de corujas astutas. E sem delongas, como num assalto, os três amigos se atracaram. Camila, sentada no banco de trás com a saia levantada e as pernas abertas, recebia lá dentro os dedos de Bernardo que se encontrava no banco do passageiro. Juan pulou para o banco de trás espremendo seu corpo definido contra as costas de Camila. As mãos dele envolviam os seios dela. Beijos estalados agora entravam na orquestra de grilos, corujas, morcegos… Juan beijava o pescoço e a nuca nua de Camila enquanto ela batia uma em Bernardo que adentrava sua boca vorazmente. Os três ali, compartilhando a intimidade de uma vida inteira. Pela frente e por trás. Camila agora duplamente penetrada. O grito agudo e profundo rasgou a noite preta levando aos céus uma revoada de pássaros até então adormecidos. Dormiram os três. Chapados, extasiados, saciados. A manhã veio quente e rápida. Uma carroça passou e parou. Ajudou. Desatolou. A viagem seguiu discreta e quieta. Como se nada tivesse acontecido. Nada!