Filomena’*Todo dia – Parte um*
Filomena levantava cedo. Tirava seu corpo esguio e sonolento da cama e levava ao banheiro onde antes de tudo, gastava um bom tempo se olhando. Não era narcisismo. Era sua meditação. Apenas fixava os olhos no vidro espelhado e ali ficava. Sem pensar em absolutamente nada. Neutra. Calma. Inteira. Depois lavava o rosto, escovava os dentes… Tomava um café preto, grosso, forte, sem açúcar. Se alimentava bem. Queijos, frutas, nozes, toda sorte de grãos. Se demorava no prazer de comer. Tinha tempo. Gostava dele. Do tempo. Ele parecia existir a seu favor. Olhava para o céu e mesmo tendo tempo, precisava ir. Correu até o estúdio. Ele ficava há uns quatro quilômetros de sua casa. Comprou seu teto perto de propósito. Adorava correr. Ia assim para o trabalho. Era atriz pornô. Gravava uma série de sucesso na internet. Era famosa. Era assediada. E sabia lidar muito bem com isso. Muitos conheciam, admiravam e enlouqueciam com seus vídeos. Filomena era de outra categoria. Tinha elegância. Transbordava carisma e respirava sexo. Isso estava nas telas. Mas seus fãs não sabiam que Filomena era mesmo o puro desejo encarnado. Suada, ofegante e brilhante na luz do sol de nove horas da manhã, ela adentrou o estúdio já gelado pelo ar condicionado. Mas ela sabia que em poucas horas, aquele lugar iria arder dentro de um carnaval explícitamente carnal de todo dia.
Continua…