Luana’!Tinta tinto!
Luana era branca. Branca como uma folha de papel. E queria ser desenhada, traçada, rabiscada, marcada, pintada. Queria ser uma verdadeira arte que anda e sente mesmo. Seu peito se estufava a cada pisada fora de casa. Luana brincava de escolher entre os milhares de rostos aquele que seria o seu Leonardo da Vinci. Mas só encontrava Leonardos. Desses simples, puros, mortais. Se divertia com Léos e alguns leões malvados que também encontrava por suas caminhadas. Mas Luana queria o Da Vinci. Gênio, genioso e pulsante! Até que um dia encontrou. E foi tomada de forma avassaladora. Seu corpo virou um vinho tinto que desaguava na boca do artista. E dessa cor avermelhada nasciam os traços mais honestos nunca antes apreciados em nenhuma Galeria ou Museu. O deleite era particular. Reservado. Luana foi feita e se fez. Se fez de magia, goles e orgasmos. E a cada noite era pintada a moça que antes branca, agora avermelhada.