.Selvagem.
Tomou as rédeas galopando rumo ao incerto infinito. Usou muitos cavalheiros bem dotados, talentosos eu digo, para se aperfeiçoar na arte de galopar. Parecia ter eternamente quinze anos. Descobrindo a sexualidade, com a pele viçosa, os seios duros e uma alma serelepe. Mas já passava dos trinta. Ninguém diria. Só mesmo quem teve a sorte de cruzar com ela na vida. Ela era dessas Amazonas determinadas que olham o caminho a ser cumprido e vai, sem olhar para trás, sem arrependimentos, a rainha do desapego. Uma transa era boa mas poderia ficar somente assim, numa lembrança longínqua, pois ela precisava, necessitava com urgência, liberar seu corpo para outros corpos. De formas, texturas e cheiros variados. A menina, a mulher, parecia ter asas ao sumir no mato com mais um cavalo. Um garanhão que daria conta de todo aquele exemplar feminino sem pestanejar. Aproveitando cada detalhe, cada anseio, cada lugar, esconderijos inabitados. No corpo dela havia muitas possibilidades. Ela passou a vida dessa maneira. Sem se importar com o que o outro poderia vir a pensar.