Eugênia’.Olhar bovino.
Era um casal cru. Sem preliminares ou vozes agudas. De poucas palavras e gemidos que quando vinham, eram de uma sinceridade sóbria. Cresceram na mata, entre terras, gados e leopardos. Traziam um semblante taciturno e se consumiam diariamente como quem bebe água. Quando tinha. Se tapavam de trapos doados mas no calor sufocante nada usavam. Nadavam pelados. Se roçavam. Sem pressa, sem tempo pensado. Ela se entregava aberta e molhada. Ele a adentrava duro e selvagem. Quando terminavam permaneciam grudados, adormecendo sob o amanhecer ou entardecer. Eram completos. Mesmo separados. Ele plantava, ela colhia. E assim, seguia a vida. Vieram os filhos, as rugas, um neto e o tempo. Mas eles deixaram passar. O tempo. Um dia se foram. A casa ficou, o neto tomou conta e um dia se apaixonou. O novo casal falava mais, brigava mais, gemia mais alto, e às vezes, sem querer. Mas amavam igual. E seguiam como um rio os ditos do destino. Treparam tanto que tiveram mais de dez filhos. Cuidaram, envelheceram e retornaram ao pó. Todos no mesmo jazigo. A dezena de crias vivas e soltas continuavam seus caminhos. Cuidando dos animais e das terras. Cruzando entremeios e se multiplicando. Vivendo. Simplesmente vivendo.