.Memória.
Ela quase não sentiu o dedo dele penetrar pelos eixos dela. Estava tão molhada, tão lisa, tão suave que chegou a duvidar da carne dele dentro dela. Um desejo sendo realizado nos profundos dos tremores dela. Um impulso nervoso levando ao cérebro fervilhante uma camada submersa de prazer. Ela sabia viver o melhor momento do presente. Estava ali e não ausente. Estava firme, rósea, maculada como uma virgem desvirginada. Uma louca diplomada, doutora em satisfações pessoais. Um caldeirão ensopando a carne masculina e intimidada de garoto apaixonado e perdido. Perdido nos labirintos dela, nas curvas periclitantes de sua moldura corporal. Uma junção deliciosamente improvável e certeira. Sendo assim, o gozo comum já era consequência anunciada. Um jorrar infindo de gemidos e suores destemidos. Providos da vontade original de possuir e ser possuído. Por instantes, sem culpa, sem julgamentos, sem roupa. Um lugar dividido em dois com lábios apontados para alvos vivos e trêmulos. O sentido agora que logo se tornaria pó da memória? Nostalgia doida, peles tatuadas na saudade. E é sempre assim. Encontros mágicos que ficam ali, em algum estado, em algum tempo, guardados.