Laurabeatriz’.Gulosa.aaaaa.
Laurabeatriz ia à padaria todo santo dia. Bem cedo. Muito antes dos carros apressados se acumularem inertes no trânsito de cidade grande. Amava o frescor do novo. Fresh! A brisa suave, os passarinhos compondo a trilha sonora daquela paisagem ainda quase deserta. Laurabeatriz não caminhava muito. A padoca de seu Júlio era muito próxima à sua casa. Um aconchegante lar que dividia com sua mãe e a irmã caçula. As três moças valorizavam um autêntico pãozinho francês com uma boa dose de café. E Laurabeatriz há exatos dois anos não deixava sua mãe se levantar cedo. A primogênita fazia questão de oferecer esse mimo a família. A garota ia pensativa e serena. Quando se dava conta, já estava adentrando o paraíso dos pães. Seu Júlio, atrás do balcão, aguardava a sua primeira freguesa do dia com um largo sorriso de satisfação. Laurabeatriz passo a passo, cruzava todo o espaço com uma sonolência encantadora. Fresh! Seu Júlio estendia as mãos para frente com a ansiedade de um menino. Laurabeatriz se agachava para abrir a portinha do balcão e ao se levantar, contemplava seu Júlio completamente pelado e duro. E tudo começava ali mesmo, debaixo do bendito balcão. Laurabeatriz montada no padeiro gozava escorrendo de seus entremeios. Era tudo muito rápido! E saboroso. Os dois se recompunham e se despediam com um abraço maroto de velhos amigos. Mas Laurabeatriz não ia embora sem antes levar na sacola seis pãezinhos tipo francês, uma torta de morango e um grande sonho. E lá ia de volta, agora com mais vigor, cantando e desviando das rodas atrasadas do asfalto, Laurabeatriz. Quando a mãe e a irmã se levantavam, a mesa já estava posta. Decorada com flores e doces. E travessuras… Mas dessas, só Laurabeatriz sabia. E assim começava o dia. Com um gole no café forte e uma generosa mordida no grande sonho de padaria.