Felícia’.Felicíssima.
Felícia recebeu o convite mais diferente de sua vida naquela noite. Glória, sua amiga do supletivo, conhecia uma casa noturna inexplicavelmente incrível! O processo era sério. Só entravam pessoas recomendadas por clientes veteranos. A casa já tinha cinco anos de praça. E durante esse tempo, acumulou algumas boas dezenas de pessoas insaciáveis por novidade e acima de tudo, qualidade! Glória era a cliente número um. Foi namorada do dono da casa. Ficaram amigos. Felícia pensou, melou um pouco as possibilidades mas por fim disse um sonoro sim. Em menos de vinte minutos Glória já a esperava em um besouro verde de quatro rodas. Duas mulheres maduras e finamente belas. Livres e famintas. De longe, Felícia pôde avistar uma placa elegante onde só as maiores letras se vestiam de luz. Apenas se aproximando, agora a pé, foi que felícia conseguiu ler as letras apagadas que se casavam com as iluminadas: /SexOrgÁsticOLândiA/. Felícia se intimidou. Pensou em voltar atrás mas não tinha necessariamente nada a perder. Entrou. Quem olhava por fora não podia imaginar jamais a preciosidade que se estendia em cômodos, pessoas nuas, madeiras, cascatas, lagoas artificiais em meio a um verde inebriante e infinito. Alguns usavam máscaras. Eram os funcionários. Esses adornos faciais não seguiam um padrão. Alguns pareciam bonecos e outros animais. Ia do gosto de cada um. Nesse caso, funcionário e freguês. Pois Felícia, assim como qualquer outro, poderia se deliciar com o barman ou com um outro visitante daquele lugar. Mas ela preferiu primeiro se embriagar. Quando foi pedir um drink, assistiu a mulher do caixa passar o seu cartão e ao mesmo tempo sentar e levantar e sentar e levantar de cima do pau do cara que estava atrás dela e de sua amiga Glória na entrada. Segurando seu Cosmopolitan na mão viu sua amiga caminhar gloriosa no meio de um casal heterossexual. Acompanhou com os olhos vidrados os três corpos sumirem e entrarem por uma grande porta onde se lia: Cabaré particular. Uma essência de cereja ficou no ar quando a porta bateu. Felícia se deixou sentar. De uma golada finalizou seu drink. Duas mãos abraçaram seus seios por trás. A taça caiu no chão quebrando o torpor de qualquer dúvida. Ela não se virou. E deixou. De olhos bem fechados sentiu mais um par de mãos caminhar por entre suas coxas. Estava sendo tocada, de forma larga. Lambida como a última gota afrodisíaca. Em pé foi duplamente penetrada. Abriu os olhos. Não conhecia os dois homens que se encontravam dentro dela. Eles não usavam máscaras.Usavam camisinhas. Lindos! Deliciosos! Felícia e seus dois. Um trem da alegria.