Clarice’}Fantasia{
Robusta que só ela! Vasta, grande e aconchegante. Clarice parecia saber receber anseios e desejos de todo e qualquer tamanho. E gostava. Ia para as festas para se sentir invadida com olhares surpresos e gulosos. Alguns olhares atravessavam a seda de seus muitos vestidos. Clarice feminina. Quando criança, ostentava o rosa com orgulho. Hoje, exibia um azul profundo no decote avantajado e natural. Alguns diriam: “uma autêntica fêmea”! Clarice não se ofendia. Pelo contrário. Assumia o rótulo subindo em cima do salto. Os longos cabelos castanho melado escorriam pelas costas firmes e terminavam ondulantes no início dos ossos largos do quadril. Mas havia uma única regra: “olha mas não toca! Desabafe e se declare mas não meta a língua onde não foi convidado”. Clarice, apesar da pouca idade, sabia muito bem o que queria. Com quem queria e como queria. E naquela noite, a fêmea foi à caça. Linda leve e charmosamente louca. Quase sem pudor. Mirou Antônio. Sozinho na bancada do bar bebericando uma cerveja importada. Clarice sentou-se ao seu lado e pediu um Gim tônica. Os dois se conheciam de vista, de longe, de ouvir falar. E toda aquela feminilidade ardia com fome de conhecer aquele Antônio alto, moreno, definido e calmo. Clarice ao seu lado deixou sua cabeça pender e pousar sem cerimônia no ombro largo do rapaz. O macho em questão. Ele se arrepiou e ficou sem ação. Ela subiu roçando a boca pela pele lateral daquela nuca latente. Quando seu belo rosto findou o percurso, encontrou a boca volumosa e rubra de Antônio. As bocas se abriram e deixaram as línguas se tocarem de leve com pequenos gestos internos. Mãos e braços começaram a se procurar para também se tocar. De leve. Tudo bem de leve. Tranquilo… Sem o passar das horas a martelar em suas mentes. Se soltaram. Terminaram seus drink’s e resolveram sair dali. “Na minha casa ou na sua?” Antônio indagou. “Na nossa”, Clarice respondeu. E assim, mulher e marido deixaram a noite da rua e voltaram para seu ninho. Treparam como nunca. Gozaram juntos e adormeceram doces e serenos. Dormiram Clarice e Antônio. Acordaram Bianca e Renato. Insaciavelmente satisfeitos.
Rejane Saraiva
08 ago 2017 @ 15:12
Surpresa!