Manza’,Dona,
Dona Manza foi descortinada. No momento em que abriu a porta só sentiu mãos, lábios e uma infinidade de dedos já molhados de ansiedade e desejo. Foi jogada no sofá. A roupa foi quase delicadamente tirada mas deu tempo de rasgar. Suas pernas foram separadas apenas com o olhar. As mãos acariciavam seu pesado cabelo grisalho. Os lábios beijavam suas curvas enrugadas. E aquela infinidade de dedos se afundavam em esconderijos escuros e úmidos. Dona Manza era a pura selva Atlântica respirando com seus galhos e folhas. Correndo e desaguando como um rio caudaloso, perigoso. Pedras pelo caminho, algumas derrapadas quase mortais pelo balanço daquele corpo, daquelas águas. Dona Manza foi tomada. Mergulhada, engolida, diluída. Dissecada. Dona Manza estava sendo amada! Seu Januário esperou o verão, o outono e o inverno. Esperou a primavera vir com seu desfile florido a desabrochar. E colheu a rosa mais experiente, a mais vermelha, a mais quente! E colheu. Colheu Dona Manza. Senhora, viúva, avó, mulher! Que mulher! Que mulher!