Morena’;Desnorteada;
Morena estava voando. Voava alto. O vento batia forte em sua pele, quase gelado. Lá de cima ela sentia o mundo escapar por debaixo de seu corpo fluido, leve e tenro. De repente, esse corpo começou a ganhar uma velocidade impressionante e Morena sentia o pânico do desconhecido ao mesmo tempo em que sentia também um tesão avassalador. Tanto, mas tanto, que esse desejo crescente fazia a velocidade aumentar ainda mais. Seu corpo começou a tremer violentamente. Um calor parecia lhe invadir o centro da alma. E assim tudo escureceu. Um breu total e surpreendente calou até mesmo os sons ao redor. O tempo parou por alguns longos segundos e então Morena foi sugada por toda aquela paisagem negra descendo como que na velocidade da luz. E caiu de pernas abertas, encharcada. Acordou com sua boceta na boca de Helena. Amanhecia um dia vagaroso, fresco, de um laranja forte azulado. Morena cerrou os olhos mordendo seus próprios lábios ainda meio desnorteada.