Remédios’.Cura- Parte dois.
Remédios chegou em casa e ligou pra ele. Joel atendeu sem acreditar na voz que ouvia vindo do outro lado da linha. Era impossível não reconhecer aquele doce singelo que escorria pelo aparelho telefônico. A moça foi logo direta. Queria encontrá-lo pessoalmente. Disse que não tinha conseguido esquecer a paz que atravessava dele para ela depois de uma descoberta caótica na vida. E Remédios, mesmo tímida e imatura foi falando tudo assim, meio cuspido, sem pausa, sem entrelinhas, despida de cerimônias. Sentia uma intimidade irresistível por aquela voz ainda sem rosto. E no dia seguinte, no encontro deles, ela confirmaria a reciprocidade daquele sentimento repentino e não por isso, completamente verdadeiro. Remédios perderia a virgindade da boca e das cutículas pois faria as unhas naquela manhã, do dia do encontro, o dia seguinte da ousadia dela, desse presente. O presente de estar vivo. Independente de inexperiências ou doenças. Remédios começava a correr para a posse de suas intuições e sentimentos. Joel passava a caminhar mais agradecido pelas oportunidades, aproveitando cada surpresa vinda de onde menos se esperaria. A angústia e a dúvida dele trouxe ela, seu remédio. Chapado pelo clichê da situação, ele tomou com cautela cada gota daquele santo corpo sincero, lapidado, fervente. Protegeu o sexo. E ela remediou a solidão e dividiu a sua maior preciosidade: sua existência.