.Célula.
A moça foi comida de pé, no chuveiro do camarim da peça de teatro dele. Antes do espetáculo. Ele a agarrou por trás e a jogou debaixo de água sem a menor possibilidade de trégua. Ela tampouco queria. Queria ser mesmo comida! Por inteiro, apressado.Tinham se tido por uma única vez há meses atrás. Uma única vez que não saiu da memória corporal de nenhum dos dois. Quando se encontraram novamente, depois de algumas palavras trocadas pelas vias virtuais, a explosão inevitavelmente aconteceu. A moça foi desejar merda antes de ir se sentar na plateia. Não voltou. Assistiu da coxia. Contraindo todos seus músculos internos a moça aplaudiu o rapaz que a comera duas horas atrás, pela segunda vez na vida. Aplaudiu não somente com as mãos, mas com o sorriso intermitente, os batimentos cardíacos acelerados e um frio por dentro deixando sua superfície arrepiada mas mantendo curiosamente o calor dos meios. Saíram de lá rumo ao bar. Beberam suas ansiedades e presentes desejos. Seguiram para a casa dela. Onde não pararam de se tocar nunca mais.