Juçara’;Amigos;
Juçara entrou e tascou um beijo nele, dentro do carro. O beijo foi longo, molhado, demorado. Findo o tocar daquelas línguas, Juçara se virou e tascou outro beijo molhado e mais demorado no amigo dele. Os três dentro de um carro, num lugar lotado. Haviam dançado até sentir os ossos, suados e extasiados. Resolveram ir embora. Mas ali mesmo, no estacionamento, os beijos que Juçara deu viraram mãos, pernas e um emaranhado de braços. Ju no meio dele e do outro. O corpo delgado da moça entre a truculência dele e a fragilidade do outro. Quando o corpo de Juçara ia para frente, sentia a força dele dentro dela e quando se voltava para trás era a delicadeza quase imperceptível do outro que a preenchia. Ficaram naquele concerto sexual por algum tempo. Não sabem ao certo quanto. Mas o suficiente para mudar a amizade deles para sempre! Juçara gozou com um grito contido, abafado. Jorrou na dureza dele mas encarou o outro enquanto vivia aquela pequena e deliciosa morte. Morre-se um pouco todos os dias, disse o pequeno rapaz que a segurou firme enquanto seu gozo gel escorria por entre pernas. O silêncio tomou conta. Vestiram o que tinham de vestir de volta e foram embora. O caminho dali para frente, nem Juçara, ele ou o outro sequer imaginavam.
Tamires’. A festa.
Bastou uma troca de olhar para Tamires ir ao banheiro do segundo andar da festa. O rapaz esperou mais ou menos meio minuto e a seguiu. Tamires o esperava debruçada sobre a pia de mármore e granito escuros. O rapaz admirou seu dorso proeminente sob um vestido azul turquesa brilhante. Sem trocar palavra ele a envolveu por trás com suas mãos grossas de alguma roça do passado. Tamires estremeceu e com um suspiro empinou seu derrière ainda com mais vontade se entregando de fato e definitivamente ao estranho rapaz queimado de sol e duro como uma imponente árvore milenar enraizada ao solo. O rapaz somente afastou sua calcinha de lado e a penetrou enquanto enchia suas duas mãos calosas com os seios fartos e tesos de Tamires. Ela se olhava no espelho enquanto era invadida com permissão. Tamires gemia baixo, delicado. O rapaz, ofegante, queimando de desejo dentro dela, no território dela, macio, quente e apertado. Os dois, Tamires e o rapaz, gozaram ali, juntos e ininterruptos. Ninguém entrou, ninguém ouviu. O rapaz saiu sem olhar para trás. Tamires se admirou por alguns longos segundos no reflexo do espelho daquele banheiro e retocou o batom vermelho. E voltou para a festa, dentro de seu azul turquesa mais brilhante ainda.
..Dois..
Ela deslizou a alça pelo corpo
Ele observou seu colo
Ela dilatada de vontade
Ele quase morto
Ela chovia de dentro pra fora
Ele se pousava sobre ela
Ela nua, crua, simples
Ele envolto em sua complexidade
Ela solta em seus braços revoltos
Ele afogado em textura
Ela satisfazendo uma necessidade
Ele dentro dela
Ela engolindo ele
Ele é ela
Ela sendo dele
Sem calma e sem pressa
Apenas sendo
No equilíbrio de existir
Ele sem resistir
E ela cedendo
E ele sedento
Ela e ele
Ele pra ela
Ela sem ser dele
Ela dela
Viva, bela
Ele a pinta
Ela aquarela
Colorida, retinta
Viva, bela
Ele rosado
Ela espinho
Ela e ele
A quatro braços
Ele dentro dela
Morando no seu abraço
Kelly’.Goooooozo.
Se olharam no momento do gol. Não se conheciam e estavam rodeados de torcedores anônimos e aos montes. Ela com um grupo de amigos. Ele com a turma da pelada de sábado à tarde. Cervejas especiais, fumaça, buzinas enlouquecidas e a noite que caía. Final do primeiro tempo. 1 para o Brasil contra 0 para a Bélgica. Ela se levantou apertada e caminhou até o banheiro. Ele foi atrás. Ela sentiu mas fingiu não perceber. Fez o que tinha que fazer e saiu para se olhar no espelho. Até que reparou que no reflexo não havia ela somente. Ele estava atrás. Como um vulto, um borrão, um sonho confuso. Sem trocar palavra ele encheu a mão com um dos seios dela. Daí para frente ele permaneceu atrás e adentrou seu corpo sem baixar as calças. O vestido leve e amarelo manga que ela usava tão pouco foi retirado. Só a calcinha verde foi colocada de lado com a ajuda da mão grossa dele. Kelly e ele em silêncio, trepando no banheiro feminino do bar, correndo o sério risco de alguma outra mulher entrar. Não entrou. Ninguém entrou. Somente ele dentro dela. Ela engolindo ele. De frente para o espelho, sobre a bancada molhada de água e tesão. Gozaram e ouviram o grito coletivo e incontido de goooooool. Ela gritou alongado por alguns bons segundos a primeira vogal do alfabeto. Os fogos, as buzinas ainda mais estridentes e o gemido abafado que ele soltou na euforia daquele momento. Ela se recompôs, ele se guardou e ela saiu. Perderam o início do segundo tempo e o golaço do menino Jesus. Mas tinha muita bola para rolar ainda.
.Peões.
Foram para a garagem. Há oitocentos metros um grupo operário brocava algo e o casal já trepava. Chegaram arrancando as roupas, acendendo um baseado e se lambendo loucos, tudo ao mesmo tempo. O pau já estava duro e a boceta molhada. Sentiram ambos um ao outro, dentro quase que sem ver. Tudo passava borrado. Sons, tons, peles e dentes… Tudo mordendo ali, apertando aqui, prendendo e soltando. Era noite e pensavam estar sozinhos mesmo sabendo de certo perigo. A boceta apertou ondulante o pau que carregava dentro de si e o expulsou num impulso involuntário coberto de seu gel. Transparente e consistente o suficiente para creditar seu prazer. Quando terminaram, suados, ofegantes e vermelhos, viram dezenas de olhares arregalados e secos sem piscar, vidrados no ato que diante de seus olhos espectadores assíduos de carne, de bastidores e de oportunidades, compartilhavam mudos. Todas essas dezenas de olhares carregavam em suas mãos paus gozados. O antagonista Pau se reservou e carregou a mão da mocinha Boceta que sorria, vívida e tranquila!