Luzia’~Metida – Parte um~
Luzia transava com tudo! Com suas bonecas, com as frutas da casa, com seus dedos, com seus sonhos. Metia quase tudo dentro e sempre chegava ao final. Mas ainda sim era virgem. Nunca tinha compartilhado o prazer com outra pessoa. Alguém de pele, carne e osso. E gostava demais dos animais para tentar algo tão invasivo com eles. Ficava então trepando com objetos e desejos tão próprios que pareciam ter vida independente dela mesma. Luzia era uma jovem mulher que conhecia cada pedacinho de seu corpo mas era orgulhosa demais para deixar qualquer um desvendar seus cantinhos secretos. Até que um dia acordou outra. Sentou-se na beirada da cama e ligou a TV. Passava um filme bem erótico. Pornô, precisava admitir. Luzia ficou vidrada, sem quase piscar. Chegou ao final sem se tocar ou sequer se mexer. Ficou maravilhada. E encantada pela protagonista que assim como ela metia tudo dentro. Inclusive os grandes e temidos paus de carne. Resolveu conhecer a atriz. Pesquisou sua biografia e conseguiu um endereço de e-mail. Entrou em contato. E passou a esperar pela resposta que talvez nunca viesse. Mas veio!
Continua…
Suely’~Rotina~
Suely era uma mulher precavida. Sempre mantinha seus exames médicos em dia. Ainda mais com a saúde íntima, não descuidava nunca. Papa Nicolau era um assíduo frequentador de seu interior. Até que um dia, seu médico ginecologista deu em cima. Descaradamente e sem nenhuma cerimônia. Suely estremeceu. Nutria em segredo um grande desejo por aquele homem inteligente e suas mãos habilidosas. Se entregou sem nenhuma formalidade. Transaram ali, na maca de exame. Em quinze minutos aconteceu o inferno e o céu entre eles. Suely desceu, subiu e voltou ofegante, quente, suada. Seu médico disse ao final que ela precisaria voltar algumas vezes ainda naquele mês para fazer um check up completo. Para descartar qualquer possibilidade. Por desencargo de consciência. Saiu do consultório mais bonita do que havia entrado. As outras senhoras e senhoritas esperançosas arrastaram seus olhares sobre Suely que antes de deixar a sala de espera já havia marcado seu próximo encontro com o doutor. Suely voltou pra casa com muita calma. Quando chegou, pegou sua caderneta do plano de saúde e marcou uma consulta com outro ginecologista. Afinal, precisava de uma segunda opinião. Suely era mesmo uma moça precavida.
~A mar~
Me entornou de costas segurando minhas mãos cruzadas sobre meu dorso nu. E começou sem cerimônia a varrer meu corpo com sua língua salgada e espumante. Senti arrepio. Cada poro da minha pele parecia eletrizar a cada lambida dele. Ele. Parecia o mar a me tomar. Me bebendo sem medo de cambalear. Deixando não a si mas a mim, tonta como um furacão sem direção. Rodamos, rolamos ainda sem minhas mãos. Quando me soltou, deixou que o animal vívido em mim o agarrasse com unhas e dentes. Mordi, apertei, arranhei… O vi gemer como um bichano ferido que testa até o limite as funduras da dor. Chegamos juntos ao pico mais alto da montanha. Juntos, a crista mais cristalina de uma grande onda. E caímos. Parados e extasiados. Exaustos! Molhados. Salgados! Deixando nossos corpos entregues a maré mansa e morna que subia com o alcançar da noite. Sublimes, dormimos à luz do luar.
Luana’!Tinta tinto!
Luana era branca. Branca como uma folha de papel. E queria ser desenhada, traçada, rabiscada, marcada, pintada. Queria ser uma verdadeira arte que anda e sente mesmo. Seu peito se estufava a cada pisada fora de casa. Luana brincava de escolher entre os milhares de rostos aquele que seria o seu Leonardo da Vinci. Mas só encontrava Leonardos. Desses simples, puros, mortais. Se divertia com Léos e alguns leões malvados que também encontrava por suas caminhadas. Mas Luana queria o Da Vinci. Gênio, genioso e pulsante! Até que um dia encontrou. E foi tomada de forma avassaladora. Seu corpo virou um vinho tinto que desaguava na boca do artista. E dessa cor avermelhada nasciam os traços mais honestos nunca antes apreciados em nenhuma Galeria ou Museu. O deleite era particular. Reservado. Luana foi feita e se fez. Se fez de magia, goles e orgasmos. E a cada noite era pintada a moça que antes branca, agora avermelhada.
Janaína’:Trepando o tempo:
Acordou naquele dia já em cima dele. Alisava com as mãos seu dorso nu e arrepiado pelo nascimento da manhã. Um cheiro de frescor penetrava o ambiente com doçura e delicadeza. À luz de pequenos raios solares que se adentravam pintando a pele esticada no conforto. Pássaros cantavam suas músicas matinais e de pernas abertas, Janaína se recheava de carne tenra e aguda. Colocando e tirando ininterruptamente. Sinos pareciam gritar dentro de si. E ele permanecia como seu cavalo. Em força, charme e sagacidade. Galopavam juntos até o pico mais alto de suas temperaturas. E quando ferviam, explodiam juntos em milhares de gotículas que brilhavam sob a luz de raios mais grossos, intensos e quentes. Janaína se levantou e preparou o café. Voltou com ele em uma bandeja florida e afetada. Ele a esperava com uma pequena caixa nas mãos. Trocaram entre si o que seguravam. E o que Janaína viu ao abrir aquela pequena, era um coração de aço com a seguinte inscrição: “E mesmo depois de vinte anos, te dou mais uma vez minha carne, e meu coração”. No minuto seguinte se deitaram de novo. E não dormiram.