Talita’.Apaixonada.
Ele tava querendo há tempos como ela. Ele queria comê-la. Mas ela o comia, quando queria. E fazia tempo. Por isso, os dois queriam, agora, saciar o inesgotável. Dentro daqueles dois nada cabia para terminar. Tudo jorrava, o tempo todo, descontrolado e afoito. Se entregavam ao erro consciente, ao prazer insistente, a verdade incontestável. O desejo. De ambos. Fermentando na pele como o sol com sal na frente do mar. Uma poesia a esmo. Uma contemplação sem tempo. Um desejo. Bruto e irremediável. Sonoro e inseguro. Dois corpos surdos ao mundo quando estão juntos, entregues ao presente absurdo de justamente estarem juntos. Não tinha jeito. Não tinha meio. Era entre ela que se fazia o concreto, o que parecia certo. Mas não era. Ou será… Quem sabe… Não dá para saber. Só sentir. E ela sente, pulsando por dentro e escorrendo por fora. Uma moça atendendo seu corpo, louco, imperfeito, direto e forte. O corpo dela. Feminino centro, querendo, derretendo, sendo. Apenas sendo. Simplesmente Talita.