~A mar~
Me entornou de costas segurando minhas mãos cruzadas sobre meu dorso nu. E começou sem cerimônia a varrer meu corpo com sua língua salgada e espumante. Senti arrepio. Cada poro da minha pele parecia eletrizar a cada lambida dele. Ele. Parecia o mar a me tomar. Me bebendo sem medo de cambalear. Deixando não a si mas a mim, tonta como um furacão sem direção. Rodamos, rolamos ainda sem minhas mãos. Quando me soltou, deixou que o animal vívido em mim o agarrasse com unhas e dentes. Mordi, apertei, arranhei… O vi gemer como um bichano ferido que testa até o limite as funduras da dor. Chegamos juntos ao pico mais alto da montanha. Juntos, a crista mais cristalina de uma grande onda. E caímos. Parados e extasiados. Exaustos! Molhados. Salgados! Deixando nossos corpos entregues a maré mansa e morna que subia com o alcançar da noite. Sublimes, dormimos à luz do luar.