Ella’.Tangerinas.
Ella passava as horas na rodovia estadual. Vendia tangerinas frescas na beira da estrada. Fazia um bom dinheiro com isso. Não bom o bastante na verdade. Mas o suficiente para a realidade que estava levando. Afinal, Ella completava a renda com um simples prazer. Obsceno pensava às vezes. Mas na verdade isso não parecia ser. Vinha de maneira natural. Ella era bela moça. Esguia mas recheada onde para muitos se devia. Ella era brilhante! O sol parecia morar em sua pele. Macia e cheirosa. Vistosa como suas doces tangerinas. Pois bem, muitos motoristas, seus clientes, experimentavam mais do que a carne da fruta. Ella se despia entre as árvores mais frondosas do mato solitário e se abria em flor. E sem pudor. Atrás do homem que pressionava Ella contra o tronco, brotava uma fila de famintos viajantes. Quem passava mais ao longe na estrada, conseguiria enxergar o borrão humano entre o verde selvagem da paisagem. Mas jamais poderiam imaginar o que de fato acontecia ali, quase todo santo dia. Ella, florida e aberta para uns quinze paus eufóricos. Cutucantes, tensos. Alguns ligeiros, outros mais deliciosamente demorados. Uns não sentia. Então pegava a mão do rapaz. Ella sabia cultivar bons dedos dentro de si. Todos ali entravam. Dedos e paus e línguas presentes. Mas somente um cliente não pagava. Aquele que a fizesse gozaaaaaaaaaaa r com sinceridade. E geralmente era assim mesmo, de quinze, só um sabia fazer do jeitinho mais encaixado no corpo escaldante de Ella. Mas houve um problema. O boca a boca. A clientela cresceu muito. Asfalto e mato tinham atentos ouvidos. E língua deslizante de falar. Ella diminuiu o número de tangerinas. Até que um dia, nunca mais voltou. Ella juntou toda sua pequena fortuna, comprou uma moto e colocou seu corpo em cima dela. E as duas, sobre a estrada. Rumo ao sol.