Kelly’.Goooooozo.
Se olharam no momento do gol. Não se conheciam e estavam rodeados de torcedores anônimos e aos montes. Ela com um grupo de amigos. Ele com a turma da pelada de sábado à tarde. Cervejas especiais, fumaça, buzinas enlouquecidas e a noite que caía. Final do primeiro tempo. 1 para o Brasil contra 0 para a Bélgica. Ela se levantou apertada e caminhou até o banheiro. Ele foi atrás. Ela sentiu mas fingiu não perceber. Fez o que tinha que fazer e saiu para se olhar no espelho. Até que reparou que no reflexo não havia ela somente. Ele estava atrás. Como um vulto, um borrão, um sonho confuso. Sem trocar palavra ele encheu a mão com um dos seios dela. Daí para frente ele permaneceu atrás e adentrou seu corpo sem baixar as calças. O vestido leve e amarelo manga que ela usava tão pouco foi retirado. Só a calcinha verde foi colocada de lado com a ajuda da mão grossa dele. Kelly e ele em silêncio, trepando no banheiro feminino do bar, correndo o sério risco de alguma outra mulher entrar. Não entrou. Ninguém entrou. Somente ele dentro dela. Ela engolindo ele. De frente para o espelho, sobre a bancada molhada de água e tesão. Gozaram e ouviram o grito coletivo e incontido de goooooool. Ela gritou alongado por alguns bons segundos a primeira vogal do alfabeto. Os fogos, as buzinas ainda mais estridentes e o gemido abafado que ele soltou na euforia daquele momento. Ela se recompôs, ele se guardou e ela saiu. Perderam o início do segundo tempo e o golaço do menino Jesus. Mas tinha muita bola para rolar ainda.