~Banho~
Estavam submersos se tocando com a fluidez da água. A intensidade líquida que invadia as peles arrepiava a superfície lisa e escorregadia um do outro. O outro de um. Dois. Lânguidos e frescos, refazendo percursos com o tato, com o lábio roçando e mordiscando alguns milímetros do corpo feminino. As curvas contornadas por ondas que quebravam brancas no início de algum lugar, em alguma praia, qualquer… Uma praia qualquer engolindo, tragando e colocando para fora novamente. Jorravam os dois dentro do mar. Era possível ouvir o som das pedras que recebiam as lambidas salgadas e intensas. E os dois como chamas gigantes brincando com o vento sem se apagar, mesmo molhados, mesmo sedentos. Enlouquecidos, incrustados no outro, sem tempo ou sermão. Um momento parado em movimento. Girando para sentir a vida pulsando no corpo. Inebriados de maresia, sol e lua, comendo as estrelas a palito e sorrindo o brilho inevitável de quem se esbaldou no paraíso. Aquele interno, compartilhado a dedos profundos e bocas abertas. Chupando como suculentas frutas o proibido, o outro corpo, despido, nu, cru, gemendo, aquecendo e retornando para o início. Ou para o fim. Enfim, gozaram juntos!