Madalena’….Quarentena….
Madalena ficou em casa. Mesmo com tanta vontade de mundo. Mesmo com tanto corpo na alma. Madalena era puro amor ao próximo e a ela mesma! Tudo bem, tinha sorte. Seguia junto dela um verdadeiro parceiro em casa. Um casamento de quase treze anos que passava por novos votos em novos tempos. Marco sempre trabalhou muito! E de tão amado, era muito requisitado por família e amigos. Madalena também. Por isso, o que ela mais gostava era dos domingos livres quando os dois conseguiam ficar, de fato, somente os dois. Isso era raro. E assim, por muitas vezes, não faziam nada. Dividiam o ócio e a preguiça de se saber sem horários e planos. Até que um dia foram obrigados a ficar em casa. O mundo foi acometido por uma pandemia de ignorância e estafa. O convívio passou a ser intermitente, consecutivo, junto! Houve então uma série de relatos sobre separação. A humanidade andava absurdamente tão infeliz que sustentavam casamentos falidos pela falta de tempo de olhar para a própria vida. Uma loucura. Mas com Madalena e Marco era o presente, um presente. Era a pausa. O tempo de colocar seus corpos em prática. De alcançar uma intimidade ilimitada. Se possuíam como famintos num labirinto. Por hora, sem saída. Mas deliciosamente instigante. Um jogo real da vida envolto em peles, gargalhadas, braços e entre pernas. Toda noite seus quatro pares amanheciam ainda entrelaçados. Parecia amor. Acho que é isso. Amor. O amor. Essa dádiva que move os encontros e as permanências. E justiça seja feita, também as separações. Porque quando não dá mais, para dar, para continuar, é um ato de amor ao outro e a a si mesmo, se separar. Mas Madalena e Marco eram realmente diferentes…