Tatiana’.Queria.

Tinha um desejo incontrolável de ser subjugada em frente à uma plateia iniciada e tensa. Queria ter seus bicos levados a boca com saliva extra de cada expectador. Queria mil mãos deslizando sobre cada poro eletrificado de seu corpo. Queria abrir suas pernas como uma amante que espera. Queria ser esmagada em suor e gritos, sentindo o peso de cada corpo a te penetrar. Queria o gosto do dropes de canela, o gosto de pastel da rodoviária, o gosto de frisante com caviar. E queria ali, naquele momento, se afogar. E gozar, gozar, gozar… Aaaaaaaaaaaaaaaaa.

Abriu os olhos, suspirou e desligou o chuveiro. Entrou em sua toalha bordada. Enxugou seu presente cansaço. Esfregou o creme de framboesa e amora na pele e se enfiou em sua camisa social, sua saia lápis, e seu lindo salto de liquidação. Estava pronta para mais uma sobrevivência. Atenderia ao longo do dia uma centena de telefonemas, preencheria dias na agenda alheia, rasgaria seu rosto cheio de dentes para estranhos… Checaria escondida sua rede social preferida, organizaria papéis… Mas faria tudo isso esperando a compensação: o próximo banho.